Artigo publicado na revista Diebold Brasil Magazine no mês de Junho de 2013.

No passado, o homem sonhava com o die em que computadores fantásticos tornariam o trabalho mais leve. Bom, as máquinas chegaram e com elas maior demanda por qualificação e produtividade. O mercado mudou, o mundo globalizou-se, o estresse aumentou e as pessoas parecem desgastar-se mais do que antes.

No mundo da saúde, achamos a cura para tantas doenças; outras tantas aparecem e algumas, detectadas há séculos, aumentam exponencialmente. Hoje, aproximadamente metade dos afastamentos de trabalho no INSS se dá em função de questões psiquiátricas e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em torno de 350 milhões de pessoas são acometidas pela depressão.

É importante saber diferenciar tristeza de depressão. A intensidade, frequência e duração são importantes para determina-las. Todos passam por dias ruins com mau humor, insônia e falta de vontade de fazer qualquer coisa, mas quando esses dias se tornam frequentes e viram meses, é importante prestar atenção e procurar ajuda. Tristeza é situacional, depressão é patologia. Tristezas, decepções e frustações ignoradas podem gerar enfermidades e, como em tudo, a prevenção pode ajudar muito. Muitas empresas oferecem programas específicos com médicos e terapeutas para ajudar nesses momentos.

Mas a questão que gostaria de trazer à tona para refletirmos hoje é: será o trabalho a causa desse aumento de casos de depressão? Será que o mesmo trabalho que dignificou o homem por séculos é hoje um vilão da saúde? Na minha opinião, não!

Na maioria dos casos que acompanhei, o trabalho não foi o causador da depressão. Vi excelentes profissionais que se dedicavam cada vez mais no trabalho, mas perdiam produtividade. Em geral, ao buscar as razões de sua perda de performance, encontraram questões pessoais, familiares e financeiras mal resolvidas. Muitas vezes escondiam-se no trabalho porque lidar com o motivo real de suas dores era muito difícil.

O trabalho é apenas uma parte de uma vida que tem sido cada dia mais desequilibrada. A nossa vida é sistêmica e, como tal, precisamos colocar limites e fazer escolhas para que todas as áreas estejam em equilíbrio. É verdade que com as novas tecnologias e altas demandas de produtividade, o trabalho tem exigido cada cia mais, entretanto as pessoas investem no trabalho para conquistar uma vida que nunca chega porque, aparentemente, não saber qual é a vida pessoal que estão buscando.

Precisamos aprender a fazer escolhas, ouvir nosso corpo e nos das o direito ao equilíbrio. Pode não ser fácil, mas a decisão é pessoal.